RENASCIMENTO CULTURAL
(Caio Azevedo, Geovanny Henrique, Isaque Franca, Júlia Saraiva, Lucas Almeida e Maria Clara Freire)
As mudanças na sociedade feudal, como a ascensão da burguesia e o retorno das cidades, — já próximas à transição da Idade Média para a Moderna — foram o estopim para a modificação da existência dos europeus. Então, os séculos XIV, XV e XVI foram marcados por um intenso movimento intelectual e cultural, conhecido como Renascimento ou Renascença. Esse movimento trouxe ideias e comportamentos novos, que acompanharam as transformações sociais e, futuramente, diferenciariam o homem medieval do homem moderno.
ORIGEM:
A península Itálica, na época, era o principal polo comercial mediterrâneo. A camada burguesa enriquecida necessitava de reconhecimento social, assim, os excedentes econômicos foram utilizados para investir em produção cultural. Além disso, a Itália foi o local onde o Classicismo desapareceu por último, conservando ainda muitas das obras que inspirariam os artistas renascentistas. Os intercâmbios comerciais produziam também trocas culturais, notadamente entre as cidades italianas e Constantinopla. Atualmente, o país é conhecido como o Berço do Renascimento, já que o movimento que mudou a visão do homem europeu na Idade Média teve seu início nos portos de Gênova.
FATORES:
Diversos fatores contribuíram para a corrente cultural que representou a ruptura com a Idade Medieval. O renascimento comercial e urbano, oriundos da crise do feudalismo na Baixa Idade Média e a invenção da Imprensa por Gutenberg são elementos que alimentaram a vontade dos europeus de desenvolver e experimentar novas atividades e originaram o Renascimento.
O retorno do comércio e da cidade possibilitou a existência dos mecenas, burgueses que patrocinaram artistas e intelectuais, difundindo projetos artísticos e literários.
A invenção da Imprensa, isto é, a máquina de impressão tipográfica inventada pelo alemão Johann Gutenberg no século XV, simboliza a substituição dos manuscritos pelos livros impressos. "Este novo tipo de produção possibilitou uma tiragem maior de exemplares, favorecendo o barateamento do livro e, consequentemente, uma maior disseminação da informação. Esta liberdade de acesso favoreceu o advento da ciência em detrimento da fé da Igreja, possibilitando liberdade de pensamento às novas classes sociais" — trecho do artigo "O Renascimento Cultural a partir da imprensa: o livro e sua nova dimensão no contexto social do século XV", por Gerlaine Marinotte Ribeiro, Ricardo de Lima Chagas e Sabrine Lino Pinto. O surgimento da tipografia possibilitou uma classe média intelectual e a circulação de ideias na Europa.
A importância do livro impresso vai além da difusão de saberes, essa também se dá ao fato de essa invenção abrir espaço aos sentimentos humanos. Homens e mulheres encontram na literatura um espaço para relatar emoções, sentimentos e histórias pessoais. A tipografia tornou, então, a humanidade universal.
CARACTERÍSTICAS:
O Renascimento Cultural é caracterizado pela retomada de valores da cultura clássica greco-romana. O pensamento renascentista articulou os valores culturais dos textos antigos com o contexto medieval e moderno, logo o resgate da cultura clássica não exprime uma tentativa de cópia, e sim o objetivo de interpretar e refletir sobre suas obras. Vale-se lembrar que a visão de mundo renascentista e medieval são facilmente distinguidas, já que a cultura dos modernos pretendia negar os valores da "Idade das Trevas".
Na Renascença, o pensamento predominante não era mais o teocentrismo (do grego, theos "Deus" e kentron "centro", que significa literalmente "Deus como centro do mundo"), e sim o antropocentrismo; o aparecimento de uma filosofia conhecida como humanismo transformou a forma de encarar o homem e o universo; a pintura renascentista difere-se da medieval por representar o corpo e a natureza de forma mais realista: característica herdada da tendência naturalista; o racionalismo afrontou os dogmas católicos; o valor da individualidade, praticamente desconhecido na Idade Média e na Antiguidade, foi criado; e o hedonismo diferenciou-se do ascetismo medieval.
PRINCIPAIS ARTISTAS E OBRAS:
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi pintor, escultor, engenheiro, cientista, escritor e inventor italiano. Foi um importante contribuidor para a produção intelectual e artística renascentista.
![]() |
Mona Lisa ou A Gioconda (1503-1506), óleo sobre madeira por Leonardo da Vinci. |
Michelangelo Buonarroti (1475-1564) foi pintor, escultor e arquiteto italiano.
![]() |
A Criação de Adão (1508-1515), um afresco de Michelangelo localizado na Capela Sistina. |
Mesmo que o Renascimento tenha custado a chegar à Grã-Bretanha, pela sua distância das nações europeias mais cultas e sofisticadas, e que os ingleses tenham se deparado com o obstáculo de traduzir suas obras para o italiano, William Shakespeare (1564-1616), poeta e dramaturgo inglês, autor de “Romeu e Julieta” e “Hamlet”, ascendeu e tornou-se um dos mais significativos nomes da literatura moderna. Para Andrew Hadfield, professor da Universidade de Sussex, no Reino Unido, o atraso do movimento cultural na região foi compensado por Shakespeare.
![]() |
Página da obra "Romeu e Julieta", em inglês. |
Miguel de Cervantes (1547-1616): poeta, romancista e dramaturgo espanhol, autor de “Dom Quixote de la Mancha”.
![]() |
Página da obra "Dom Quixote de la Mancha", em espanhol. |
PARA REFLETIR:
A visão de que o Renascimento é uma ruptura definitiva com a Idade Média pode ser um tanto reducionista. Essa visão julga o período medieval como obscuro e sem nenhum acontecimento significativo ao âmbito cultural. Para o historiador Thomas Woods, a Renascença, mais do que uma ruptura total com o passado medieval, pode ser considerada o auge da Idade Média. Ele afirma que “os medievais, tal como uma das figuras exponenciais do Renascimento, tinham um profundo respeito pela herança da antiguidade clássica, ainda que não a aceitassem de modo tão acrítico como o fizeram alguns humanistas: e é na Idade Média que encontramos as origens das técnicas artísticas que viriam a ser aperfeiçoadas no período seguinte.” (WOODS, Thomas. Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental. São Paulo: Quadrante, 2008. p. 119)
A palavra "renascimento", também, é ligeiramente preconceituosa, pois essa remete a essas afirmações exageradas de que na Idade Média a cultura estava morta.
Ademais, a confluência entre a cultura clássica e a cristã foi expressa em obras de importantes renascentistas. O Renascimento negou, sim, doutrinas católicas, porém o movimento não substituiu o Cristianismo, mas abriu a possibilidade de novas análises aos textos sagrados, remotamente controlados pela Igreja.
Martinho Lutero, influenciado pelo princípio da individualidade, defendia que cada pessoa deveria interpretar a Bíblia à sua maneira; a Igreja luterana não se considerava a dona de todas as verdades. Assim, a Renascença também teve grande influência sobre a Reforma Protestante — movimento reformista cristão do século XVI.
BIBLIOGRAFIA*:
→ Coleção Estudos de História: volume 1 - Ricardo de Moura Faria, Mônica Liz Miranda e Helena Guimarães Campos
→ Nova História Crítica: Moderna e Contemporânea - Mario Schmidt
→ Revista de História da Biblioteca Nacional: Renascimento - edição nº 98
→ http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=191
→ https://www.todamateria.com.br/renascimento-cultural/
→ https://historiadomundo.uol.com.br/idade-moderna/renascimento.htm
→ http://www.sohistoria.com.br/ef2/renascimento/p1.php
→ http://www.historialivre.com/moderna/renascimento.htm
→ http://www.revistas.unipar.br/index.php/akropolis/article/view/1413
→ http://prof-ferdinando.blogspot.com.br/2012/04/renascimento-cultural-e-cientifico.html
→ http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u13515.shtml
→ https://youtu.be/aU8X4uojx08
*Todos os livros integram o acervo da Biblioteca Prof. Gilmar Luiz Novaes do Colégio Pedro II - Campus Niterói.
A pesquisa está boa mas aqui vão umas partes que eu pesquisei e não tem nesse texto. Por exemplo: é chamado de renascimento por causa da revalorização das referências da Antiguidade Clássica, que abalaram o progresso da influência do dogmatismo e do misticismo sobre a população, como uma e crescente valorização da racionalidade, da ciência e da natureza. O otimismo tinha uma ação positiva diante o mundo – acreditavam no avanço e na competência humana e apreciavam a beleza do mundo, pintando em suas obras de arte.
ResponderExcluirA qualidades mais valorizadas no ser humano viraram e inteligência o conhecimento e o dom artístico. A natureza e a razão passaram a ser admiradas com intensidade. Este movimento, bastante complexo e variado internamente concepções, técnicas e, sobretudo formas originais e típicas, porém comuns.
As tais principais fontes: a reutilização após, a pausa de praticamente um milénio, das formas peculiares da arte clássica – arte grega e arte romana. É a utilização de uma descoberta técnica: o ponto de vista, conjunto de regras matemáticas e de desenho que permitem reproduzir na folha de papel ou em qualquer superfície plana, a aparência real dos objetos
Olá, Lethícia! No tópico "Para Refletir" de nosso texto comentamos sobre o preconceito que o nome "Renascimento" carrega, pois este admite que a cultura medieval era inexistente. Mas concordamos com você que, sim, o nome remete também à redescoberta da cultura greco-romana. A descoberta da técnica do ponto de vista, oriunda do aprimoramento das técnicas da Antiguidade, foi um fator muito importante para o Renascimento Cultural, já que com a disseminação do naturalismo e otimismo, o qual você bem explicou em seu comentário, as obras deveriam representar a natureza da forma mais fidedigna possível, como a beleza do mundo era muito apreciada. Nós, do grupo sobre Renascimento Cultural, agradecemos muito pelo seu comentário! :)
ExcluirO texto aborda muito bem o tema proposto. Gostaria de saber como era a relação da Igreja Católica com alguns desses artistas, pois ela financiou algumas obras para sua Instituição, mas ao mesmo tempo esses artistas possuiam ¨novos pensamentos¨ e também tratavam de maneira deliberada a nudez, como foi o caso do Michelangelo que pintou o teto da Capela Sistina a imagem do Julgamento Final com todos nus e a pintura ter sido considerada pornográfica.
ResponderExcluir¡Hola, Hugo! Acreditamos que a Igreja, tendo em vista a perda de influência pelos pensamentos renascentistas e, futuramente, pela Reforma Protestante, foi, em determinado período, um tanto flexível às mudanças do movimento. A instituição financiou, sim, obras de artistas da Renascença. Isso porque os intelectuais contestavam a Igreja, mas se essa fosse receptiva à nova mentalidade, alguns a aceitavam. Porém, mesmo com a tal receptividade da instituição, ainda havia enorme censura às obras, principalmente às que continham nudez. Provavelmente por perceber que havia cedido avanços demais aos intelectuais renascentistas, a Igreja, em 1519, foi encarregada por cobrir as partes mais ofensivas da pintura "O Juízo Final", de Michelangelo, no teto da Capela Sistina no Vaticano, a qual você cita em seu comentário. Adoramos seu comentário, obrigado por participar! :)
Excluirobs.: O assunto é meio complexo, pois não se seguia um padrão. Mesmo que a crença mútua dos pensadores e artistas do Renascimento fosse de rompimento com os dogmas da Igreja, os participantes do movimento tinham diferentes reações às tentativas de apoio pela instituição católica, alguns as aceitavam e outros as repudiavam.
Diferente dos consideráveis comentários acima, venho frisar o fato de o Renascimento Cultural ter tido uma ENORME importância para o advento da Reforma Protestante. Visto que a Renascença teve por principal característica buscar a compreensão da sociedade como um todo. Tal marca despertou na população senso crítico e a carência de justificativas embasadas em argumentos sólidos. Tal fato, é quase imperceptível, por exemplo, na Idade Média, marcada pelo Feudalismo. A população desvalorizada socialmente e economicamente pela nobreza, principalmente pelo Clero, era responsável pelo movimento da economia através do trabalho braçal, sem quase retribuições. O Clero armava-se de heresias para convencer o modelo hierarquizado daquela época. Porém, esse caráter inquestionável da ordem social começou a se abalar com o CRESCIMENTO COMERCIAL, que por sua vez, foi, de certa forma, um contribuinte para o Renascimento Cultural.
ResponderExcluirOi, Rafa! Sim, a Renascença teve enorme importância para a Reforma Protestante. Além do movimento despertar na população desvalorizada o senso crítico, como você bem observou, a divulgação do conceito de individualidade faz com que alguns desses cidadãos sentissem que, finalmente, possuíam o poder pensar, de analisar situações de acordo com suas particularidades. Assim, quando Martinho Lutero defende que os textos sagrados deveriam estar abertos à interpretação individual de cada um, a Reforma Protestante ganhou ainda mais adeptos. Em nome do grupo, agradeço muito pelo comentário! :)
ExcluirEsse texto foi elaborado muito bem e os links para explicar os termos como ''racionalismo'' e''humanismo''deixaram a leitura mais leve e o texto mais objetivo. Achei muito interressante a forma como a tipografia permitiu uma liberdade de acesso a informação que mudou a sociedade e seus valores (tantos religiosos como culturais), também aumentando significativamente o pensamento crítico. Aprendi muito com esse texto, esclareceu dúvidas que eu tinha há anos. Parabéns aos alunos pelo belo trabalho!
ResponderExcluirAgradecemos pelo comentário, Marcelle! Nosso objetivo em denominar os conceitos da Renascença em links à parte, e não no próprio texto, foi de justamente tornar o trabalho mais facilmente compreendido. A criação da Imprensa foi um assunto que decidimos detalhar pois, como você afirmou, é muito interessante e de extrema relevância ao movimento renascentista. :)
ExcluirGostaria de parabenizar o grupo por um trabalho tão bem resumido e organizado. É importante ressaltar que a parte que apresenta os principais artistas da época e as obras também está facilitando aos que visitam o blog pois foi apresentado imagens e seus detalhes. Ótimo trabalho!!
ResponderExcluirO grupo agradece pelo comentário! :)
ExcluirO trabalho está excelente! Organizado, conteúdo qualificado, imagens que simplificam o nosso entendimento, bibliografia para quem teve um interesse a mais despertado, também completa. Parabéns!!!
ResponderExcluirAgradecemos muito pelos comentários positivos, Victor! :)
ExcluirO trabalho está ótimo e bem resumido, de forma que facilita a leitura em tópicos. Senti falta apenas de charges que ilustrassem o tema e de links que direcionassem para páginas da Web como Wikipedia, de forma que pudesse me aprofundar nos conceitos destacados. Mas gostei muito e aprendi mais sobre a importância do Renascimento Cultural, que é apresentado como uma ruptura com o mundo medieval que estava agonizando na Europa, mas não é uma ruptura definitiva com a Idade Média, pois houve acontecimentos significativos ao âmbito cultural, e consta no texto que, segundo o historiador Thomas Woods, pode ser considerado o auge da Idade Média.
ResponderExcluirAlém disso, também é interessante o fato de que o movimento não substituiu o Cristianismo, mas possibilitou novas análises aos textos sagrados, antes controlados pela Igreja, o que possibilitou que cada pessoa interpretasse a Bíblia de sua maneira. Isso possibilita, então, o aprofundamento na palavra, e o entendimento do real significado do que ela diz e, assim, de sua prática.
Olá, Catarina! Nossa intenção com a bibliografia completa, formada por diversos links e obras, foi de servir como fonte mais detalhada de informações aos interessados. E o grupo optou por não se apropriar de páginas como a Wikipédia, pois suas informações podem conter erros históricos. Mas compreendemos e agradecemos pelas críticas! Também ficamos muito contentes ao saber que despertamos um interesse ao tema. Muito obrigado por compartilhar uma síntese do nosso trabalho! :)
Excluir